sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Exoesqueleto

Exaltam o melhor, pontuam o melhor, mas gosto não é algo particular? Constroem o belo, o bom e o justo, mas tudo isso é tão privado que nem a retórica de Aristóteles pode me dizer o contrário. Aliás, Aris-who? Exaltam-no. Correm para aquela ridícula exaltação dos melhores. O campeonato desenfreado em busca do melhor em nada. 
Não posso competir em qualquer categoria, não tenho grandes músculos desenvolvidos ou definidos. Ainda não. Meus músculos são tão gentis quanto os do meu coração, que se desfaz por vida quando me jogam palavras duras e me cagam qualquer esperança de um dia dar certo. 
Murcho por dentro e minha casca às vezes permanece inteira, mas por vezes ela vaza o que está dentro - embolado, amassado, mas ainda partido e desfeito. É como se eu tivesse um exoesqueleto que sustentasse uma certa dureza e rigidez, exatamente o contrário do que está acontecendo dentro de mim. E não é uma capa, não é um teatro fake apesar de que a vida é também teatralizar para não se deixar apagar. 
Eu sinto tudo, murcho por dentro e não tem como, quase sempre, deixar de enrugar por fora.