sábado, 30 de junho de 2012

Conversa impossível

- Não faço ideia de como esse novo cara sabe coisa que nem eu sei sobre você. 
- Ele viu foto minha quando pequena. 
- E como foi isso? 
- Cabe saber? 
- Cabe ainda sofrer? 
- Não sei. Eu estou ótima. Se quiser, posso fingir ser mais feliz agora do que quando estava com você e ser tão convincente, tão real, tão eloquente nas minhas colocações que você vai se sentir um merda. 
- Tenho me sentido assim mesmo sem você ter aberto a boca. 
- É que às vezes eu deixo sinais... 
- Coletei todos eles. 
- É por isso que vez ou outra você chora? 
- Não por eles que vez ou outra te deixo saber que choro. 
- Então por quê? 
- Se eu te der um sorriso amarelo, disser que to ótimo, fingir felicidade e afins, vai fazer sentido pra você?
- Não. Só vai me machucar. 
- Por quanto tempo? 
- Como posso saber? Nunca mais nada doeu.
- Que sorte!
- Dor é a gente que inventa, dizem por aí. 

terça-feira, 12 de junho de 2012

Duo Paixão

Não sigo a instrução da caixa de bolo que diz pra comer ainda quente. Sirvo a mim mesmo com o que quero e tenho: sua ausência. O prato cai. Barulho forte. 'Já se passaram das 22h', penso. Pedaços brancos por todo lado. 'Porcelana corta tanto quanto vidro', digo eu enquanto recolho os estilhaços do chão. 'Moro no primeiro andar, ainda bem', penso. Salvei a fatia do bolo pra deixar o mundo cair. E se partir, se dissolver em mínimos pedaços. Salvei o bolo frio, sem bom gosto e sem vida pra deixar o recipiente se espatifar. 
Corro de tudo que pode me prender porque tudo quebra por mais bonito, limpo, cerâmico que seja.

sábado, 9 de junho de 2012

Preconceito nosso de cada dia

Quando eu desistir dos humanos, é porque achei finalmente que eles fedem mais do que eu - e, na verdade, fedo tanto quanto eles.