quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Brigadeiro ou qualquer outro que o valha

- Boa tarde, tudo bem? Quanto tá o brigadeiro? 
- Tudo bem? Custa um real cada.
("Que barato!", penso enquanto escolho algum dos doces por cima do vidro do balcão e levo um tempo vendo qual é o mais vistoso, bem feito e bem redondo, de granulado bem assentado e resolvo pedir). 
- Pode ser esse? - ela aponta pra um. 
- Pode, sim. Tá bonito, tá bem feito... Mas olha, moça, esse daqui, quando você pegou com o utensílio, deu pra ver que no lado tá mordido já. Tem como trocar por outro? 
- Beleza. E esse? 
- Mesma coisa, moça. 
- E esse? 
- Mordido. 
- Esse? 
- Mordido também, moça. Ali no cantinho, tá vendo? Tem até marca de dentes no lado de trás, apesar da parte de cima estar linda. 
- E esse aqui? Não tem mais tantos aqui, você já descartou um monte... 
- Errr... Esse parece ótimo, mas quando você tira da forminha de papel, tá só a capa, tá vendo? Onde era pra ter recheio tá vazio. 
- É... - diz a atendente, como que concordando comigo. 
- Ih, moça, acabaram as opções, foi? 
- Só tem agora esse outro tipo aqui que custa mais caro. 
- Quão mais caro? 
- Custa R$1,70. 
- É? É que eu to sem dinheiro agora e queria mesmo um brigadeiro. (A atendente me olha como quem não pode fazer nada por mim e um silêncio constrangedor se instaura nos dois lados do balcão) 
- Bom, uma mão lava a outra, o mundo gira, a gente nunca sabe o que acontece lá na frente, então leva esse de um e setenta por um real só. 
- Obrigado, moça, só que esse é maior, mais vistoso, mas continua mordido embaixo, não tem nem metade do outro...

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