O momento em que se acendem as luzes dos postes da rua pequena onde eu morava.
O cheiro que vaza das plantas e da terra quando molhadas. Tão marcante quanto o aroma de uma tangerina quando é aberta em qualquer ponto distante de um ambiente, fazendo-se notada por todos. Perceptível e incrustado como o líquido de sua casca ao tocar as pontas dos dedos de quem a manuseia.
O "dorme aqui".
Os últimos minutos de um fim de tarde que deixam o céu entre um laranja-Cebion e outros tons-Ursinhos Carinhosos.
A gentileza no ato de duas jovens senhoras de servir a uma menina, confiada por sua avó ao motorista do ônibus, um remédio para enjoo a fim de que ela possa suportar quase doze horas de estrada até encontrar sua tia, que vai lhe criar.
O abacaxi doce.
O beijo e o abraço nutridos de verdade e de timidez quando meu avô me recebe "você é sempre bem-vindo".
O olhar direcionado de atenção entre momentos no sexo que significa que não estamos sendo somente animais.
A displicência com o que tenta dizer a etiqueta, o fazer estar à vontade.
O "fica mais".
O atalho no terreno do meu caminho diário que me poupa alguns minutos de caminhada. E a caminhada de volta pra casa quando o sol já está baixo.
O relevo que se mostra no contraste com o céu mais iluminado pela lua.
O gole que marca a constatação do "estou alto".
Conversas que me dão uma certa energia que me mantém coeso e humano.
O frio numa praia pra me fazer repensar meu gosto por praia. O fim.
quarta-feira, 28 de maio de 2014
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Sempre gostei do seu jeito de escrever. Vc tem talento. Papai caprichou quando pensou em vc, quando te formou. Nós te amamos, pra sempre.
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